Todos os dias, temos a sensação de que o tempo passou rápido, que ao fim do dia não entregamos tudo o que planejamos, adiamos muitos dos nossos projetos por pura falta de tempo, falamos para amigos que um dia, quem sabe um dia, nos encontraremos.
Quando percebemos nossos filhos já estão na faculdade ou saindo de nossas casas, os nossos planos nunca são realizados, sentimos uma força maior nos sufocando, pois nunca temos o tempo que gostaríamos para realizar o que queremos.
Fazemos promessas que não conseguimos cumprir.
Você se sente assim?
Se sim, você faz parte da maioria das pessoas, daquelas que desejam passar mais tempo com a família, ficar mais com os filhos, ver um filme, ler um livro. Ter um tempo livre.
Existem muitos fatores que nos tomam o tempo: Falta de organização, excesso de trabalho, prioridades erradas, falta de processos definidos, tanto para a vida quanto para os nossos trabalhos.
Mas existe um ladrão de tempo, um verbo que é capaz de nos tirar o que de mais precioso temos, que é a nossa capacidade de executar os nossos sonhos.
Entre todas as coisas que podem nos tirar o precioso tempo, o verbo que faz isso com muita frequência e que a maioria das pessoas vivem conjugando, mesmo sem o conhecer é: Procrastinar.
Procrastinação é uma palavra muito utilizada lá na gringa, no Brasil, nem tanto, mas é o maior ladrão de sonhos e projetos.
Isso porque somos muito bons, bons de verdades em estabelecer metas, em termos propósitos, em desenvolvermos sonhos.
Perderei 10 kg
Visitarei mais meus amigos, meus pais, meus filhos.
Se você parar por um minuto, e se for muito honesto, todo mundo é capaz de dizer no que poderia melhorar: Eu poderia aprender uma nova língua, poderia ler uma coleção de livros, poderia desenvolver aquele projeto.
Mas porque sofremos tanto no processo?
O que nos leva a ficar mais 15 minutinhos na cama, a não desligar a TV? A ficar horas e horas enrolando para fazer algo que levaria menos de 15 minutos para ser feito? Porque permitimos que, embora necessário ou urgente, façamos o mais fácil primeiro, o mais agradável?
Porque somos criaturas procrastinadoras, nosso cérebro é procrastinador!
Antes das civilizações modernas, antes de nos agruparmos como sociedade, passamos milhares de anos, de geração a geração, passando a informação de que precisávamos dormir o quanto conseguíssemos em nossas seguras cavernas; que precisávamos comer o quanto possível para garantirmos a energia necessária. Foram os primeiros humanos que sobreviveram!
Porque aqueles aventureiros, aqueles que dormiam pouco, que comiam pouco, que eram curiosos, que saiam pulando e felizes entre as florestas, esses morriam: De fome, de sede ou devorados.
O nosso cérebro desenvolveu, ao passo dos anos, dos milhares de anos, a capacidade de procrastinar, de ser feliz em realizar as coisas fáceis, de ser recompensado em simplesmente esperar passar.
Mas quem é o procrastinador: É aquele que adia, sistematicamente, podendo até ter um desvio psíquico: O Procrastinador Crônico.
Naturalmente, não vamos falar deste desvio e sim do procrastinador comum: Eu e você.
Na gestão de tempo, ou seja, na gestão de prioridades, dentro das empresas ou até mesmo na nossa vida particular, a procrastinação é a maior causa de perda de dinheiro, consequentemente, de falta de execução de projetos e até mesmo o maior ladrão de sonhos.
O procrastinador na empresa é aquele que deixa para entregar o projeto no tempo limite, que faz o que precisa ser feito sempre com o prazo vencendo ou vencido. Que deixa para sexta-feira o serviço da semana que poderia ser entregue na segunda.
Muitas vezes o procrastinador se perde entre os prazos por pura falta de prioridades, urgências e importância. Mas com raras exceções, aquele que procrastina no trabalho, também é um procrastinador na vida, na família. Aquele que promete pregar o quadro na sala, trocar a torneira, limpar o armário, tirar o pó dos móveis.
Somos perfeitamente capazes de maratonar uma série inteira em um dia, mas adiamos lavar a louça, varrer a casa.
Na escola é aquela pessoa que entrega o trabalho ao professor, nos últimos minutos do segundo tempo, o trabalho que estava programado há 6 meses.
Na vida, é aquela pessoa que não tem tempo, que não consegue dar conta e muitas vezes, não alcança a felicidade, por se sentir incapaz de se organizar, e priorizar o que de fato é preciso ser feito, o que de fato é importante ser feito.
O cérebro humano é semelhante ao cérebro de qualquer outro mamífero, trabalhamos melhor com as recompensas do que com as críticas e os castigos. Quando uma tarefa é desgastante, requer esforço, o nosso cérebro logo nos avisa que não devemos fazer aquilo.
A sensação de entregar em cima do prazo é satisfatória, ou seja, a adrenalina de entregarmos em cima do prazo e termos conseguido é viciante, o cérebro se acostuma a essa adrenalina e de fato, passa a aprender que aquilo funciona.
Da mesma forma, nosso cérebro se acostuma ao fracasso: Prometer perder 20 kg em um mês, ler 15 livros em um ano, ir a academia todos dias, aprender uma língua nova em um mês. Dificilmente são metas possíveis de serem alcançadas, com isto ensinamos ao nosso cérebro que podemos criar metas e não executá-las, que isso é aceitável, normalizamos o fracasso.
A boa notícia é que podemos ensinar diferente ao cérebro, podemos compensá-lo de forma mais positiva e podemos desenvolver hábitos, costumes, muito mais saudáveis: E fugirmos da procrastinação.
A primeira, e talvez a forma mais importante seja: Criar metas alcançáveis, pequenas metas: Perderei 2kg este mês, não 20, apenas 2, e que no mês que vem manterei estes 2 kg a menos. Lerei um livro por 15 minutos por dia. Todo mundo consegue 15 minutos no seu dia, nada de 15 livros em um ano, nada de metas muito ambiciosas. Irei a academia 2 vezes por semana, depois aumento para 3 vezes.
Lembro de quando tomei a decisão de ir a academia: Minha meta era bem simples, eu não queria o corpo perfeito, nem ganhar peso, nem perder peso, eu queria apenas manter um certo grau de atividades físicas. Quando comecei a ir, decidi fazer apenas o básico e aos poucos fui aumentando as atividades. Não adianta fazer 10 minutos de esteira hoje, amanhã você se empolga porque conseguiu, e faz 30 minutos, no dia seguinte faz uma hora e 30 minutos e no quarto dia não faz porque ontem fez uma hora e trinta.
O hábito é a maior força que existe e a direção é sempre mais importante do que a velocidade.
Estabeleça metas realistas, aquelas que são possíveis de serem cumpridas e também estabeleça um prazo e um objetivo final.
Quando oriento alguém a guardar dinheiro, sugiro que siga o seguinte método: Defina para o que você vai guardar o dinheiro, porque aqueles que têm um objetivo real, vão conseguir guardar e cumprir a rotina, mas do que aqueles que não têm o objetivo definido.
Quero guardar dinheiro para fazer uma viagem a Roma! O objetivo tem que ser muito claro, Viagem a Roma. Defina a data exata: fevereiro do ano tal. Defina o valor mensal, ou semanal.
Isto se aplica as demais atividades que procrastinamos, defina metas claras, realistas, esta é a primeira ação e a mais importante: Quero perder 10 kg em um ano, até junho do ano que vem. Totalmente possível. Vou perder 800 gramas por mês, vou mudar tais hábitos.
A segunda ação que precisa fazer é comemorar a cada conquista da sua meta, se são 800 gramas por mês, comemore a cada vez que conseguir. Seu cérebro precisa entender que isto te dar felicidade.
E a terceira ação é recompense as suas conquistas, a cada objetivo atingido crie um recompensa e se dê. Pode ser uma coisa simples, um sorvete, um presente, algo que você gosta muito.
Metas realistas, comemore as conquistas alcançadas e recompense-se ao alcança-las, crie uma rotina para seu cérebro entender o quanto isto é importante e prazeroso.
As metas realistas vão criar rotina de sucesso, enquanto as metas fantasiosas vão criar uma rotina de fracasso e nosso cérebro se acostuma muito fácil com o fracasso.
Quando alguém me diz que não é habilidoso, habilidosa, que não consegue fazer determinada atividade, que não sabe se consegue fazer algo, sou obrigado a concordar com esta pessoa, afinal se ela própria já assumiu e treinou seu cérebro para isto, não posso discordar. Mas é possível reverter, começar aos poucos, degrau por degrau, meta pequena por meta pequena.
Não subestime as metas pequenas, elas te levam longe! Conhecer seus limites é um passo importante para definir as metas, crie listas do que você precisa, fisiologicamente, quantas horas de sono, quanto tempo para descansar, quanto tempo para ler 10 páginas de um livro, quanto tempo para chegar a determinado lugar.
Conheça seus limites, financeiros e físicos, isto vale para as empresas também.
Porque ao definirmos metas claras e realistas, definimos degraus, e ao chegarmos no primeiro degrau, embora difícil, ele se estabiliza, seu esforço é alcançar o segundo degrau.
E pela minha experiência, o primeiro degrau é o mais difícil, os demais vão ficando mais fáceis.
Seu cérebro é uma máquina de desculpas, por isto , use a força do hábito, ele muda vidas e te deixa muito mais próximo dos seus objetivos e sonhos. Por isto, aconselho, sem pretensão alguma, de que crie uma rotina baseada nas seguintes ações:
1 – Crie metas realistas;
2 – Comemore ao alcançar cada etapa;
3 – Recompense-se ao atingir suas metas;
4 – Faça disto uma rotina.
Eu também procrastinei para fazer este texto, mas coloquei uma meta e ele está pronto, aqui, disponível. Faça o mesmo, comece lendo aquele livro agradável, ou fazendo uma atividade física prometida a tanto tempo, comece com um meta realista e me conte o seu sucesso depois.
Eu sou Evandro Mangueira e amo Pequenas Empresas e Empreendedores!
Vamos crescer juntos!
Um Grande Abraço.